Sextina da vida
Todo ser animado desta terra
ou pertence ou já pertenceu ao mar e, se um dia passou por este mundo e já teve exaurida sua vida, ocupou seu lugar, já tomou corpo a energia contida em sua alma. E, se existe verdade que me acalma em meu breve passar por esta terra, é que um dia o que agora é o meu corpo apoiou-se, também, no mesmo mar de esperanças que ampara a minha vida e me ajuda nas lutas deste mundo. Mas não posso entender o mesmo mundo em que vivo, se não entendo a alma habitando e energizando a vida, ocupando o seu espaço na Terra, apesar de manter os pés no mar, este mar que possibilitou o corpo. E a certeza que tenho ganha corpo e se mostra em seu todo para o mundo em que vivo, e que chega a me tomar de emoção, e me invade enorme calma, e me tomo de amores pela Terra, esta Terra que é toda a minha vida. Ora, todo o sentido desta vida está preso e contido em um só corpo e espalhado nos cantos desta terra, habitando e ocupando o mesmo mundo em que habita e ocupa a sua alma: um espaço qualquer no imenso mar. Alma, corpo, água, terra, fogo e mar, a essência de toda e qualquer vida: uma vez tendo corpo, existe a alma; uma vez tendo a alma, surge o corpo e a vida aparece sobre o mundo e não fica restrita só na Terra. Ou me encontro na terra, ou estou no mar. Quando vivo no mundo, eu sinto a vida. O timão do meu corpo é a minha alma.
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 07/04/2005
Alterado em 07/04/2005 |