Minha flauta, minha amiga
Minha flauta, minha amiga,
só tu sabes me ouvir, tu entendes o que digo, sabes dizer o que quero com toda tua voz, com toda minha força; decifras em voz sonora esse meu lamento surdo. Minha flauta, minha amiga, em ti eu posso tocar, pegar-te em minhas mãos, roçar meus dedos de leve, levar minha boca à tua porque ninguém vai falar; não haverá mais rumores, não haverá dissabores. Minha amiga, minha flauta, vê que não posso falar mas sei que falas por mim, embora ninguém entenda esse teu falar sonoro quando tudo que te disse foi na surdina, no toque, só tua boca sentiu o sussurrar do meu choro. Mas vê, minha flauta amiga: não só a ti quero bem; não adianta falar pois sabes o meu segredo, eu te disse boca a boca, apontei-te com meus dedos; jamais ninguém saberá, de ti eu não tenho medo. 27/05/1977
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 08/04/2005
Alterado em 09/04/2005 |