Galope à beira-mar
Criado pelo repentista cearense José Pretinho, após suposta derrota em um desafio de repente com martelo agalopado, o Galope à beira-mar é um poema de décimas (estrofes com dez versos), com versos hendecassílabos (onze sílabas), em ritmo anapéstico.
O anapesto, um dos pés básicos do poema, é composto por duas sílabas átonas (breves) e uma tônica (longa). O verso do galope à beira-mar compõe-se de um iambo e três anapestos. As sílabas tônicas, nessa distribuição de pés, são a segunda, quinta, oitava e décima-primeira. O ritmo é anapéstico aparece, também, no primeiro pé, quando o verso anterior termina com palavra paroxítona e sua sílaba átona final une-se ao verso seguinte, transformando o iambo do verso em um anapesto no ritmo. Uma característica do galope à beira-mar é o final de cada estrofe. O último verso sempre termina com uma expressão que lembre o galope. A mais comum e tradicional é "galope na beira do mar". Outras expressões podem aparecer, desde que terminem com a palavra ou a sílaba "mar". Exemplos: Cantor das coivaras queimando o horizonte, das brancas raízes expostas à lua, da pedra alvejada, da laje tão nua guardando o silêncio da noite no monte. Cantor do lamento da água da fonte que desce ao açude e lá fica a teimar com o sol e com o vento, até se finar no último adejo da asa sedenta, que busca salvar-se da morte e inventa cantigas de adeuses na beira do mar. (“Galope à beira-mar” – Luciano Maia) Um mundo de cores surgiu de repente no meu pensamento com tua presença. Formei, indeciso, uma nova sentença, soltei as palavras, mas timidamente a voz não seguiu o comando da mente e, mudo, fiquei frente a ti, a te olhar. Senti no meu peito o meu ser palpitar, já reconhecendo esse novo matiz. Parei, recompus as palavras e fiz meu corpo tremer, como as ondas do mar. ("Como as ondas do mar" - Paulo Camelo)
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 20/03/2009
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