Paulo Camelo

Poesia é sentimento. O resto é momento.

Textos

Controverso
“Dói o desejo e esse prazer febril
....
e tudo o mais a minha volta é resto.”
(Lisieux Souza, “Polvo”)

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O coração exprime, convulsivo,
a dor, a forte angústia, a solidão.
Sofre, convulso, esta separação
que dilacera o peito e, mesmo altivo
em seu labor para manter-me vivo,
exprime, no seu mais sensato gesto,
a dor que sinto no meu peito infesto,
a dor que me consome, amarga, vil.
Dói o desejo, este prazer febril,
e tudo o mais a minha volta é resto.

É resto a sensação de plenitude,
essa indizível força que me anima,
é resto essa lembrança que lastima
a perda desse amor, mas não me ilude
a falsa sensação do que já pude
e já não posso mais, o amor servil.
Dói o desejo, este prazer febril,
e tudo o mais a minha volta é resto,
é ilusório, é falso, é indigesto.
Eu vivo, mesmo assim, a mais de mil.
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 02/06/2006


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