Sextina do olvido
Muito tempo esquecido andou meu verso, outro tempo esquecido andei também. Outro mundo habitei, fugi do mundo, outra gente encontrei, e aqui estou eu. Muita gente talvez já me esqueceu, mas meu verso outra vez me trouxe aqui. Quando a vida me quis tirar daqui, eu voltei a cantar, recitar verso, esse verso que nunca me esqueceu e que é meu, pois o mundo é meu, também. Qualquer dia, talvez, portanto, eu vou mostrar-me pra todo o imenso mundo. E, na volta que eu dou, girando o mundo, eu retorno outra vez a estar aqui, neste palco em que, finalmente, eu posso abrir-me e mostrar meu parco verso e cantar, e dançar, gritar, também, pra esquecer um alguém que me esqueceu. Mas meu verso - isso eu sei - não me esqueceu e eu voltei a vagar por todo o mundo a bradar que o amor, que é meu também, volta e meia me faz voltar aqui e escrever um soneto, ou trova, um verso, a mostrar pr'esse mundo quem sou eu. Mas pra que me mostrar? Acaso eu vou mostrar a esse alguém que me esqueceu um pedaço de mim, mostrar meu verso e o reverso de mim, mostrar o mundo? Hoje eu sei que meu mundo é este aqui hoje eu sei que esse mundo é meu também. Esse alguém que se foi deixou também um pedaço de mim num outro eu e jamais entendeu que, estando aqui, entre a gente que nunca me esqueceu, eu pudesse, talvez, voltar ao mundo e formar meu lugar, meu universo. Eu voltei pro meu verso, e vi, também, que sou parte do mundo, sou mais eu, deixo quem me esqueceu longe daqui. 10/02/2010 Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 10/02/2010
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