Não trema
Eu pensei escrever um bel poema
e esquentei, com rigor, a pena e o punho. Um rabisco esbocei no meu rascunho e não pude encontrar o exato tema. Aticei a memória, olhei fonema, estudei a gramática e no cunho agucei minha gráfica. Era junho e eu pensei em aposentar o trema. Aguentei com frequência a vã memória, em sanguínea aversão a esquecimento, e moldei, inconsequente, o tal soneto. O sequestro da língua fez história e, no fim, com eloquente atrevimento, eu tremi como treme um vil graveto. 01/06/2010
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 01/06/2010
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