Cometa alexandrino
Quando me deu na telha eu cometer soneto,
até o alexandrino atropelei; eu juro! Errei numa cesura, andei pulando muro, e mesmo assim com ele eu sei que me intrometo. Às vezes erro a rima e mudo o seu quarteto. Entanto, o alexandrino insiste em dar um duro e me botar à prova. Eu fico mais seguro e vou até o fim, nos versos do terceto. E, se me der na telha, eu vou cometer mais, pois o soneto faz de mim malabarista em busca de equilíbrio, em busca do meu eu. Não sou como um cometa. Assim, buscando a paz, prefiro o alexandrino eu não perder de vista, embora inda não saiba onde ele se meteu.
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 07/08/2010
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