Passio II
Que perdi, meu amor? O meu vate, o meu bardo,
este eu sou, sabes tu, que meus versos manténs entre os teus não sei quê, teus picuás, teus teréns, e nem lembras dizer que não tens mais no fardo as lembranças de outrora, e hoje eu sei que não ardo em saudades de ti, não sou mais dos teus bens a riqueza maior. Sabes bem que me tens - não me tenhas, talvez -, pois demoro e não tardo a dizer que meu verso é pra ti, mas não é; é memória, é olvido - amanhã já não sou - e trovando eu me vingo, ao dizer que te amo. O que mais vou dizer? És a minha mulher, és a musa, a vilã, a serpente que eu vou devorar, pra dizer: sou teu cervo, teu gamo. 07/08/2010
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 07/08/2010
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