Paulo Camelo

Poesia é sentimento. O resto é momento.

Textos

Teu olhar me provoca
“E na dor que me sufoca
choro o amor que morre em mim.”
(Alice Daniel, “Brindemos ao fim”)

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É quase noite, o luar
espalha a luz pelo chão
mas lá dentro o coração
não pára de palpitar,
pois procuro o sussurrar
do teu olhar. É o fim
do nosso amor? É assim
que sinto o que não me toca,
e na dor que me sufoca
choro o amor que morre em mim.

Choro por não conseguir
mostrar o amor que tenho.
E assim, nesta noite eu venho
haurir o odor do jasmim
que ainda há no jardim
onde era a nossa maloca.
E na dor que me sufoca
choro o amor que morre em mim,
mas esse amor não tem fim,
pois teu olhar me provoca.

O teu olhar logo troca
informações, a dizer
pra meu olhar que o viver
sem se encontrar é o que choca,
e na dor que me sufoca
choro o amor que morre em mim,
mas esse amor não tem fim,
não morrerá, pois - eu creio -
o teu olhar doce, cheio,
inflama o meu peito, enfim.

E o peito em chamas diz “sim”
mas não suporta e se entoca
e na dor que me sufoca
choro o amor que morre em mim
por não ser forte e, assim,
fazer do mundo um inferno.
Um amor tão puro, tão terno
agüentará o meu pranto?
Existirá nalgum canto
um cobertor pr’esse inverno?

E na dor que me sufoca
choro o amor que morre em mim.
Meu pranto é forte, sem fim,
e o soluçar me provoca,
esqueço tudo, estou só,
carrego, entanto, um alento.
A dor sufoco, bem dentro,
e dou vazão ao amor
que não morreu. Seu verdor
logo aparece, em momento.

26/10/2005
(complementado em 07/11/2008)
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 27/10/2005
Alterado em 09/11/2008


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