Celofane
Para Ana Maria César
Na minha caixa, eu te esperei sorrindo, o celofane intacto a separar. E tu chegaste, alegre, a me pegar, sorrindo e triste, um sorriso lindo. O celofane, eu sei, nos separava e não deixava a tua mão entrar e me tomar nos braços. Teu olhar fitava o meu olhar, e ali ficava. O mundo da boneca é sempre triste enquanto uma criança não fizer um rasgo, com as mãos, no celofane. E eu aqui envelheci, tu viste, e os olhos de criança, hoje mulher, já não me veem, não deixam que eu me engane.
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 19/12/2018
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