Amores diversos
Houve um tempo, eu lembro bem,
em que o amor quis fugir, por não poder resistir a brigas que não convêm, a desencontros que vêm estragar uma união. Não sei se eu tenho razão, mas outro amor encontrei. Vivi nas nuvens, sonhei, mas meu sol me disse um não. A minha estrela pequena, entendendo o meu sofrer, afastou-se do meu ser, mudou o pano de cena, sofrendo comigo a pena de um amor fora de mão. Não sei se eu tenho razão, mas deixamos de nos ver, refiz o meu bem-querer a duras penas - ou não? Outras voltas deu o mundo e uma rosa se achegou. Meu íntimo ser gritou e calou no mais profundo do meu ser. Eu fui mais fundo e gritei essa paixão quase efêmera, mas não consegui soltar o laço. O meu olhar ficou baço e tremeu meu coração. Mais outras voltas, e eis que me aparece outro ser que fez meu corpo sofrer e sofreu com sensatez, pois ao amor não deu vez e se afastou sem um nada. Eu chorei a madrugada e não esqueci - não pude! - esse amor. Eu fiquei rude, a força debilitada. O tempo passou sem eu recuperar esse ardor que ficou no nada. A dor continuou, não morreu. Mas eis que me apareceu alguém que ergueu o meu viço, mas ela tem compromisso - eu também - e o amor é só no olhar, e essa dor ainda não deu sumiço. O que fazer, ó meu Deus, se o amor que eu hoje sinto é outro amor? Eu não minto em contar todos os seus queixumes e todos meus sentimentos controversos e colocar nesses versos os desencontros que eu vivo. Eu me sinto ainda vivo em meus amores diversos.
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 20/12/2007
|