Caldo de cana com banana
“Procuro um verso bacana
em cada rima que eu faço ... mas o destino me engana e só me deixa o bagaço.” (Reinaldo N. Luciano) “Mas o destino me engana em cada rima que eu faço.” ------- Procuro entender a vida, a minha sorte, o destino, aprendo mais do que ensino e procuro dar guarida a cada angústia incontida em cada som, cada passo em meu viver. Num só traço eu mostro uma força insana mas o destino me engana em cada rima que eu faço. Eu sou poeta ao acaso e, caso eu tente escrever com mais afã, posso ver entrar a mente em ocaso: o meu pensamento raso empaca e mais nada emana, mas o destino me engana em cada rima que eu faço, outro papel eu amasso, igual se amassa banana. E retomo essa inumana e cruel sina: eu escrevo o que não sei e não devo imaginar. Ah, sacana! Mas o destino me engana em cada rima que eu faço e logo o meu descompasso é coisa antiga, é passado. O meu viver desastrado escreve logo outro traço e volto a mim, passo a passo enquanto a alma se ufana. Mas o destino me engana em cada rima que eu faço. É sempre assim: eu abraço o que não sei nem fazer. Faz parte do meu viver esse vaivém sem parar: ou sou primeiro lugar ou sequer ninguém me vê. Mas o destino me engana em cada rima que eu faço. O meu olhar fica baço igual um caldo de cana, eu choro feito um banana e recomeço o meu verso enquanto não desconverso e vou pr’outra freguesia. Ah, meu Deus, como eu queria existir nesse universo!
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 27/03/2005
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