![]() Senhores presentes a este congresso que agora inicia na Boa Viagem, permitam que eu faça esta minha homenagem da forma e do jeito que eu sei, eu confesso, porque, na esperança de ser um sucesso, pensei convidar o Doutor Zé Maria para abrilhantar com seu ar de alegria, mostrando seus versos, no seu declamar, cantando um galope na beira do mar, talvez um cordel, a esbanjar poesia, e
no seu largo riso, talvez, poderia trazer mais calor ao calor que sentimos na beira do mar. Entretanto, o que ouvimos foi bem diferente do que eu pensaria: ouvi que o amigo doutor Zé Maria, qual fosse um repente, deixou-me sem fala ao saber que nem me despedi desse spala, um irmão que eu ganhei, que me ouvia sonhar, cantando os galopes na beira do mar, José Maria Chaves partiu feito bala.
Amigo sincero, me considerava um irmão, um caçula, talvez, mas irmão. Seu riso era forte e a voz, um trovão a fazer amizades, e na força brava tecia momentos, a tudo brindava, cantando em barítono, e no seu cantar prendia atenção dos amigos. Somar era o seu ideal, tanto na medicina ou na literatura, fazendo rotina seu verso e seu canto na beira do mar.
Porém seu descanso era em Guaramiranga, seu lar, seu regaço, com sua Walkíria, com todas as Anes, as filhas, a lira a tocar no deleite, a colher a pitanga e sugar-lhe o frescor, sem problemas, sem zanga, deitando na rede e na rede sonhar, no alto da serra, distante do mar... Doutor Zé Maria, meu amigo Zé, você nos deixou, mas não sei por que é que, nesse galope na beira do mar,
eu trago você na lembrança, seu riso, não vou esquecer meu irmão cearense que amou Pernambuco como um recifense e mostrou como amar o lugar onde eu piso com suas canções e seus versos... Preciso, nas minhas palavras, homenagear o homem que amou a Sobrames, seu lar de escritores, doutores, artistas, seu mundo, que abriu horizontes, sem medo nenhum do que houvesse escondido nas ondas do mar.
Preciso dizer aos senhores: é pouco o que eu posso falar pra dizer o que eu sinto na minha homenagem fraterna. O recinto seria pequeno e eu quedaria rouco se tudo eu pudesse falar. Mas sou louco e na minha loucura, no meu versejar, no ritmo forte, eu tentei compensar a ausência que faz o irmão Zé Maria. Perdoem-me a fala, mas como eu faria, não fosse um galope na beira do mar?
09/10/2024
Poema em galope à beira-mar apresentado na sessão de abertura do XXIX Congresso da Sobrames e XII Congresso da Umeal, em 16/10/2024 Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 24/10/2024
Alterado em 18/11/2024 Comentários
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