Paulo Camelo

Poesia é sentimento. O resto é momento.

Textos

Nas curvas dessa mulher
Se fossem retas, talvez
eu não aceitasse o tema.
Mas não há nenhum problema
em derrapar quando em vez
nessas curvas que Deus fez
e que todo homem quer.
E eu, que já sei como é
que se faz, nem vacilei:
corri, brinquei, derrapei
nas curvas dessa mulher.

E mais houvesse, pra ver
como é que eu sei brincar,
pois não há nenhum lugar
nessa musa, nesse ser,
que minha mão não vá ter
pra manter a sua lei.
Corri, brinquei, derrapei
nas curvas dessa mulher.
E eu não sou um qualquer;
eu sei agir como um rei,

um rei que faz sua lei
para agradar à rainha.
E eu, que já tenho a minha,
fui mais fundo e não voltei:
corri, brinquei, derrapei
nas curvas dessa mulher,
e seja o que Deus quiser
(e eu acho que Deus entende
esse meu fogo que acende
e não apaga sequer

quando estou longe). Se der,
eu faço mais outra lei.
Corri, brinquei, derrapei
nas curvas dessa mulher
pois, se eu não quero, ela quer
e já me acende outra vez
nas curvas, na maciez
da sua pele cheirosa,
uma pétala de rosa,
um lírio real, talvez.

Corri, brinquei, derrapei
nas curvas dessa mulher.
Nos braços de quem me quer
eu fui mais longe. Hoje eu sei
que, pela força da lei
da Natureza, o meu braço
há de relaxar o laço...
E daí? Eu já vivi,
já derrapei, já corri,
já dormi no seu abraço.

Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 31/03/2005


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