O mar pode esperar
"Cansado de navegar, deixo meu barco na praia." (Ronaldo Rhusso) No horizonte, o sol declina, a noite já vai chegando, a luz da lua dourando o mar ornado em neblina. Quando o luar ilumina a onda que o vento espraia, e antes que a tarde caia, então retorno do mar. Cansado de navegar, deixo meu barco na praia. O barco, agora ancorado, após tremenda labuta, parece que ainda escuta as ondas e o balançado do pescador, em gingado Inda ao balanço do mar, cansado de navegar. Deixo meu barco na praia, me afasto e, antes que eu saia esguelho um último olhar. Deixo o barco devagar, como quem já não tem pressa. O mar já não me interessa. Volto ao recanto do lar, cansado de navegar. Deixo meu barco na praia a me esperar, noutra raia em outro dia de sol. Logo cedo, no arrebol, minha amada faz que eu saia. O vento fica em tocaia e longe eu ouço o cantar: "Cansado de navegar, deixo meu barco na praia". Eu tanjo o vento da raia e navego nos lençóis da minha amada, só nós na escuridão do meu lar. Na noite, um belo luar ilumina a nossa voz. Cansado de navegar, deixo meu barco na praia e volto ao amor, à saia, em outro adeus. O alto mar me espera e pode esperar. O barco descansa um pouco enquanto eu retorno, louco de amor, pra mais um adeus. Ela cai nos braços meus a emitir sussurro rouco. Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 23/11/2010
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