Pus no mar do esquecimento
“Pus no mar do esquecimento
as coisas do meu passado” (Mote de Silvano Lyra) ----- Eu era calmo, franzino, era esquecido no mundo, em tudo eu era segundo, em tudo eu batia pino, até que um dia um menino, olhando pro meu estado, assim me disse: “é danado!” Então, naquele momento pus no mar do esquecimento as coisas do meu passado e fiquei me exercitando enquanto esperava o bonde... Até hoje não sei onde eu me apoiei, nem sei quando; eu sei que eu ganhei um bando de gordura, e não lamento: pus no mar do esquecimento as coisas do meu passado e agora estou apressado a viver o meu momento. Às vezes já nem agüento as coisas do dia a dia: hoje eu sinto uma agonia quando eu desisto e não tento. Pus no mar do esquecimento as coisas do meu passado; é caco pra todo lado e eu assumi compromisso: hoje eu não penso mais nisso, hoje eu me sinto animado, eu já não vivo cansado e já disputo com o vento. Pus no mar do esquecimento as coisas do meu passado, quando eu era atarantado, quando tudo era um tormento, eu vivia em modo lento e com tudo eu desistia. Eu já esqueci o dia e todo esse sofrimento. Pus no mar do esquecimento as coisas do meu passado. Até quando o céu, nublado, ameaça outro tormento, eu me acalmo, eu não esquento. Eu sei que este mundo gira e quem ao mundo se atira logo, logo, atinge a meta e atende a voz do poeta glosador Silvano Lyra.
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 20/07/2023
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